Cleusa Carolina Rody Coelho, religiosa da Congregação das Irmãs Missionárias Agostinianas Recoletas, foi martirizada em 28 de abril de 1985, às margens do Rio Paciá, na Prelazia de Lábrea, no Amazonas. Tinha 52 anos quando encontrou a morte mais atroz, praticada pelos inimigos da paz e do desenvolvimento, sobretudo humano, da Amazônia.
Irmã Cleusa era do Estado do Espírito Santo, Cachoeiro do Itapemirim, onde nasceu em 21/11/1933. Vinte e dois anos depois, em 03/10/1.955, ingressou na Ordem das Irmãs Missionárias Agostinianas Recoletas, para somar forças, não só interna como externamente, nas lutas do povo de Deus contra as hostes da libertinagem e da ambição, que desconhecem ou se fazem de esquecidos das leis divinas e dos verdadeiros direitos humanos, principalmente na Amazônia, tratada por muitos como terra de ninguém.
Nasceu em uma família muito humilde, filha de um ferroviário e de uma dona de casa. Muito inteligente, aprendeu a falar inglês, espanhol e alemão, o que contribuiu para ajudar muitas pessoas que chegavam doentes ao Espírito Santo, pois era voluntária em hospitais e fazia a tradução, no caso de estrangeiros. Quando ingressou para a Congregação das Missionárias Agostinianas Recoletas, adotou o nome religioso de Sor Maria Ângelis Coelho de São José. Foi diretora do Centro Educacional Agostiniano, em Vitória, nos anos de 1970 a 1974.
Segundo a Irmã Rita Cola, que morou com a Irmã Cleusa, ela era uma pessoa muito acolhedora. Tentava resgatar meninos envolvidos com drogas e delitos, para que se recuperassem. “As mediações dela eram sempre para salvar a vida, nunca para condenar ou destituir a vida.” A Irmã Josefina Casagrande, que colabora no processo de beatificação da irmã, que pode se tornar a primeira santa capixaba, e que conviveu com ela um pouco antes de sua morte em Lábrea, disse que a morte dela fortaleceu a esperança do povo. A área indígena foi reconhecida e demarcada. O testemunho dela fortalece a fé de muitas pessoas.
Em 1979, imbuída de todo o seu carisma de missionária, partiu para Lábrea, no Amazonas, onde, a partir de 1982, seu engajamento com a causa indígena se tornou mais forte; época em que a Prelazia de Lábrea resolveu se assumir como Pastoral indigenista, sendo ela representante desse grupo no Conselho Missionário Indígena.
A Irmã Cleusa vivia em uma região de conflito entre índios, comerciantes e demais interesses. Após a morte da família de um índio amigo da irmã, ela foi até a aldeia para que não acontecesse uma vingança. No caminho de volta, encontrou um índio, que seria o autor das outras mortes. Vendo o homem, disse ao canoeiro que a acompanhava: “Caia na água, meu filho, que você tem filhos para criar!”. Ele obedeceu imediatamente. Ouviram-se vozes, disparos e, minutos mais tarde, silêncio. A partir dali, o corpo dela foi encontrado dias depois.” As causas da morte foram, provavelmente, por traumatismo craniano, fratura da coluna vertebral e feridas torácicas produzidas por arma de fogo”, diz trecho do livro Cleusa Carolina Rody Coelho – Sangue derramado, de Rosalina Menegheti.
Repercutiu tanto este atentado e a força da graça em favor de Irmã Cleusa, que seu processo de canonização foi aberto em Vitória – ES, no dia 02/06/1991, apenas seis anos depois do perverso acontecimento de seu martírio. Em 2019, durante o Sínodo dos Bispos sobre a Amazônia, em Roma, Irmã Cleusa foi homenageada como alguém que entregou a vida pelos povos indígenas e foi considerada mártir da Igreja Católica.
A irmã costumava dizer: “Vale arriscar-se!”.
Irmã Cleusa, mártir da causa indígena.
Sugestão de documentário:
https://youtu.be/yk2VZcAoeZ8?si=qzGCpXNRwuRbqF7i
FONTE:
MAGESK, Laila. Extratos do Jornal a Gazeta, de 09 out. 2019.
PEREIRA, Antonio (in memoriam). Jornal Paróquia Viva, Edição de maio 2010.
PEREIRA, Beatriz. Redação final. Maio 2024.